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História

A cultura é a propriedade mais coletiva do povo

Todo mundo e todo lugar têm uma história. A de Santa Brígida, Bahia, começa como tantas outras: "era uma vez" um fidalgo português, seu nome Antonio Manoel de Souza, proprietário de uma área de terra que tinha quatro léguas e naquela época fazia parte do município de Itapicuru.

Antônio Manoel de Souza, casado com uma brasileira chamada Brígida, filha do senhor Joaquim José do Bonfim, também brasileiro. A senhora Brígida desejando conhecer Portugal pediu a seu esposo para ir passear na Europa, o que foi atendida, mas, veio a falecer durante a viagem. Chegando de volta ao Brasil, o senhor Antônio Manoel de Souza, ainda inconformado com o lamentável acontecimento, procurou seu sogro e lhe fez a seguinte proposta, doar todas as terras que possuía aqui no Brasil inclusive as terras de Santa Brígida que chamava-se "Itapicuru de Cima", mas no ato da transferência da escritura, o senhor Manoel de Souza, prestando uma homenagem a sua falecida esposa, deu o nome ao terreno da nova escritura de Santa Brígida, isto ocorreu em 16 de julho de 1817.

Por volta de 1940, Santa Brígida era apenas um pequeno Povoado do município de Jeremoabo, composto por algumas casas de barro cobertas de palha. A agricultura, mal dava para a subsistência e a pecuária limitava-se mais a criação de bodes e cabras.

Santa Brígida era uma região famosa pela passagem de Lampião, por ser a terra natural da sua companheira Maria Bonita.

Em 1942 peregrinava pelos Estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco um penitente de barba e cabelos grisalhos, pregando e curando, que se chamava Pedro Batista da Silva. Serviu o exército aos dezessete anos, sendo deslocado posteriormente para Foz do Iguaçu e Ponta Grossa , no Paraná. Após desligar-se do exército trabalhou como marinheiro e estivador nos portos do Rio de Janeiro, Santos e Paranaguá, onde se fixou e viveu como pescador. Uma "visão" fez regressar ao Nordeste, onde peregrinou até fixar-se em Santa Brígida com a permissão do Coronel João Sá que acompanhou a chegada dos romeiros até certificar-se de que o movimento não ameaçava se tornar uma nova Canudos. Em suas andanças Pedro Batista ficou famoso pela sua sabedoria em dar conselhos, efetuar curas e libertar pessoas de maus-espíritos.

Esta postura cativou os romeiros que via nele um representante de Deus. Pedro Batista não comentava com os romeiros sobre a sua vida, de onde veio, quem era seus pais ou se tinha irmãos, pouco interessava aos seus adeptos. Era como se ele não tivesse tido princípios de dias. Sua chegada a Santa Brígida ocorreu em 14 de junho de1945, tinha como objetivo formar a romaria e desenvolver a agricultura como meio de subsistência para as famílias que ali residiam. Correndo pelo sertão a notícia que o Beato Pedro Batista estava instalado em Santa Brígida, a gente que o conhecia de Alagoas, Sergipe e Pernambuco, veio visitá-lo em romarias. Uns com o fito de se instalar ao pé do "Padrinho", outros traziam dinheiro para comprar terras ou alugá-las, pretendendo ali, viver atraídos pela crença, fé e pela ordem que faziam reinar em torno de si. A exemplo da saudosa Madrinha Dodô, que veio do povoado Moreira, no município de Água Branca, onde conheceu o Beato e resolveu acompanhá-lo por afinidade dos trabalhos comunitários de atendimento ao povo pobre e sofrido da região, tornando-se assim, a pessoa mais próxima do padrinho Pedro Batista. Madrinha Dodô, como era conhecida, foi a grande confidente e herdeira espiritual do Beato, passando a ser respeitada e enaltecida pelos romeiros, que viam nela a sabedoria e a caridade, comparando-a com a saudosa Irmã Dulce da Bahia.

O progresso de Santa Brígida também se reflete na história administrativa. O povoado é elevado a sede de distrito, devido a um pedido do Beato Pedro Batista, tendo sido aberto um juizado de paz e um registro civil. É seu maior sonho, assim como o de seus romeiros maior graduado, emancipar Santa Brígida de Jeremoabo, tornando-o município independente. Isso aconteceu em 27 de julho de 1962, a emancipação política do município, tornando Santa Brígida um município politicamente independente, pela lei número 1757 de 27 de julho de 1962, sancionado pelo então governador do estado, Sr. Juracy Magalhães. Pedro Batista, o conselheiro que deu certo, um homem misterioso. Um líder religioso que fundou Santa Brígida e fez até Reforma Agrária no Sertão da Bahia. Também não se pode esquecer as manifestações culturais e as danças de cunhos religiosos iniciadas e cultuados pelo Beato Pedro Batista e Madrinha Dodô. Isto credencia Santa Brígida a ser incluída no Roteiro Turístico e Cultural Religioso Nacional.

O querido e saudoso Beato Padrinho Pedro Batista da Silva, veio a falecer aos oitenta anos, no dia 11 de novembro de 1967, sepultado no cemitério São Pedro em Santa Brígida - Bahia. Hoje Santa Brígida ainda clama a perda do Padrinho Pedro Batista. Um homem que amou e ensinou a amar, conseguindo colocar a chama da fé em todos que o cercava. Foi também severo e lutador em suas causas. Ele era uma pessoa de Deus. Um Conselheiro andarilho que pregava o bem e expulsava o mal. Seus ensinamentos continuam sendo um alento para os oprimidos. É assim que o povo de Santa Brígida clama seu Padrinho. Sua presença continua viva por todos os lugares da cidade, em cada casa, em cada coração.

Madrinha Dodô deu continuidade em seus ensinamentos e obras de caridade. Nasceu, dia 08 de setembro de 1902 recebeu o nome de Maria das Dores, natural do povoado Moreira, município de Água Branca, no Estado de Alagoas, filha de família pobre. Desde cedo já demonstrava interesse pelos mistérios divididos. Aos doze anos, acompanhou o Padre Cícero em suas missões, com quem aprendeu a praticar caridade. A morte do Padre Cícero em Juazeiro do Norte - Ceará, provoca as mudanças e a igreja tenta banir o "fanatismo religioso" e as beatas devotas de antigas tradições religiosas. É nessa época que aparece o Beato Pedro Batista arrastando multidões pelo sertão a dentro. Entre os seguidores do Padrinho chega Maria das Dores, mais ou menos no mês de março de 1946. que logo foi transformado o seu nome nesse carinhoso diminutivo "Madrinha Dodô". "Uma moça valente e caridosa que a todos atendia". Assim era ela: ora aconselhando, ora ensinando rosários, benditos, cantigas de louvor e penitências, acreditando que o sofrimento do corpo era o elo para as almas se elevarem ao plano de Deus.

"Cem vezes me ajoelhei, cem vezes me apesinei, cem Ave Maria rezei, cem na véspera e cem no dia, valei-me minha Virgem Maria". Madrinha Dodô, foi uma fiel pioneira e herdeira espiritual do Padrinho Pedro Batista, adquirindo confiança e prestígio dos romeiros de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia e Ceará. Madrinha Dodô morreu de morte natural no dia 28 de agosto de 1998 aos 96 (noventa e seis anos) em Juazeiro do Norte - Ceará. Foi sepultada em Santa Brígida no cemitério São Pedro.Ela partiu, mas deixou brotando por esses Estados acima citados as inúmeras sementes cultivadas por todos os recantos. A sua presença continua impetuosamente em silêncio, viva por todos os lugares de Santa Brígida, em cada casa, em cada coração dos romeiros.